terça-feira, 28 de dezembro de 2010

D. Nuno de Noronha e os primeiros recreios episcopais de Castelo Branco II

D. Nuno de Noronha (1540-1608) governou o bispado da Guarda no tempo da união da coroa de Portugal à de Castela. Tendo andado o ano antes da sua morte na corte de Madrid, foi muito favorecido de el rei D. Filipe II de Portugal, do qual era muito parente. No quadro político da União Ibérica, parece figura de algum destaque, na linha da inclinação castelhana da sua família, que descendia de D. Henrique I de Castela, o Magnífico, que foi rei depois que matou seu irmão D. Pedro I de Castela, o Cruel, com quem findou a dinastia de Borgonha.
No dizer de Belchior Pina da Fonseca, no Catálogo dos Bispos da Guarda, autor de quem nos socorremos para  dar alguns destes dados biográficos, D. Nuno era gentil-homem e de estatura grande e grandioso no trato de sua casa. Fez cousas grandes e infinitas, assim no governo do bispado como em outras matérias
Foi confirmado reitor da universidade de Coimbra em 1578, em cuja faculdade de teologia se gradua depois como mestre, permanecendo nesse cargo até 1586, ano em que é nomeado por Filipe I de Portugal bispo de Viseu, cidade onde funda um paço episcopal, o convento do Bom Jesus, de freiras da Ordem de S. Bento e um seminário, destinado à formação de clerigos, que dotou prodigamente. Deixando o bispado de Viseu, em 1594, é confirmado pelo papa Clemente VIII bispo da Guarda, diocese herdeira do vetusto bispado Egitaniense, não só prestigiada pela sua antiguidade como também pela sua dimensão. Nesta diocese institui também um seminário, e procede a inúmeras reformas eclesiásticas, acomodadas às disposições do Sagrado Concílio Tridentino.
É possível que a sua ida a Madrid, em 1607, se tenha prendido com a posterior nomeação para o arcebispado de Évora, no ano seguinte. Nunca chegou, porém, a ser confirmado, uma vez que morre em 1608, de uma purga que lhe ministra um médico judeu, segundo António Roxo, nos paços que mandou fazer na vila de Casteo Branco (1596 - 1598), para os bispos, por ser no meio do bispado, para que com mais facilidade concorressem os negócios a ele.

Sem comentários:

Enviar um comentário